Por Redação | Luanna Amaral
A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, desempenha um papel essencial em equilibrar não apenas os ecossistemas regionais, mas de todo o planeta. Estendendo-se por nove países na América do Sul, com a maior parte localizada no Brasil, essa vasta região é um verdadeiro tesouro de biodiversidade e recursos naturais.
No entanto, em 2023 a região enfrenta desafios significativos devido à estiagem. Com o Rio Negro atingindo a marca de 13,59 metros na última segunda-feira (16/10), a seca em Manaus bateu recorde e registrou o ponto mais baixo desde 1902. Superou a marca de 2010, considerada até então a maior da história.
“A seca do rio Amazonas é sazonal e ocorre majoritariamente todos os anos nos períodos de setembro e dezembro, porém este é o pior ano já registrado, com previsão de que se estenda até janeiro de 2024,” afirma Luanna Amaral, Analista Logístico na G2L.
Esta situação crítica não está limitada apenas à capital e abrange 60 cidades no estado do Amazonas, todas elas sofrendo os impactos severos da seca deste ano.
Neste post, discutiremos a situação atual na Amazônia, as possíveis causas, os impactos da seca e como foi possível nos antecipar para minimizar as consequências logísticas na região.
A situação na Amazônia
Devido à sua biodiversidade única e ao seu papel vital na regulação climática, a Amazônia sempre esteve em pauta nas discussões e preocupações globais. Os altos índices de desmatamento na região contribuem para a perda de habitat, a liberação de carbono na atmosfera e a redução da capacidade de absorção de dióxido de carbono.
A degradação ambiental tem um impacto significativo em várias frentes. Ela não só afeta as comunidades locais e a biodiversidade, mas também tem sérias repercussões na manutenção dos recursos hídricos. Isso se reflete em eventos de seca que estão se tornando mais frequentes e intensos em uma área onde a navegação fluvial desempenha um papel crucial.
Para ilustrar essa importância, de janeiro a agosto de 2023, a ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) registrou um movimento de cerca de 22 milhões de toneladas no transporte de mercadorias através de vias fluviais na bacia hidrográfica de Manaus. Esse número representou um aumento notável de 12,43% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Com estes valores, a Bacia hidrográfica Amazônica liderou essa movimentação, sendo a área de maior transporte de mercadorias via navegação fluvial no país, seguida pela Bacia de Tocantins-Araguaia, com 9 milhões de toneladas, e pelo rio Paraguai, com 6 milhões. Luanna conta que “um dos nossos clientes, por exemplo, tem fluxo constante para esses destinos e depende do rio Amazonas para transportar, aproximadamente, 4 mil toneladas/mês que ficariam fatalmente parados nos portos brasileiros sem alternativas. A G2L, como um operador logístico, precisa se antecipar a estas situações e propor alternativas para seus clientes a fim de minimizar os impactos, sejam eles ambientais ou não”.
Minimizando as Consequências para a Logística
Para enfrentar esses desafios, é fundamental adotar estratégias que minimizem as consequências da situação na Amazônia e dos impactos da seca na logística. Já ciente do histórico de seca, Luanna conta algumas das ações que foram tomadas este ano para mitigar os danos.
“Em setembro, fizemos uma visita a Manaus com intuído de mapearmos os gaps e buscarmos as alternativas necessárias, seguindo todo o compliance da empresa e dos clientes. Nesta viagem conseguimos reforçar parcerias antigas, aumentando nosso volume, bem como foram desenvolvidos novos parceiros. Um bom exemplo são operadores de balsas rodo-fluvial que funcionam como alternativa nas baixas do rio Amazonas”.
A empresa de cabotagem que atua na região tomou a decisão de suspender seus serviços em duas rotas específicas: a ALCT1, que é uma linha semanal conectando o Norte e o Sudeste do país por via marítima, com os portos de Manaus, AM, e Pecém, CE, como pontos de ligação; e a linha ALCT3, que opera quinzenalmente na rota do Nordeste para o Norte, com uma conexão por meio de balsas com o porto de Vila do Conde.
A Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (ABAC) confirmou o cancelamento de dois navios programados para chegar a Manaus, resultando em cargas retidas nos portos de Vila do Conde, no Pará, e Pecém, no Ceará. Infelizmente, não há previsão para o reembarque dessas cargas, de acordo com a empresa responsável. O restabelecimento dos serviços está estimado para ocorrer a partir da semana 46, que corresponde a 13 de novembro.
Com a aproximação da Black Friday, o risco de desabastecimento do Sul e Sudeste passa a ser monitorado com a dificuldade logística de ligação da zona Franca de Manaus e o restante do país. Mais urgente ainda é a entrada de suprimentos para a região amazônica. Estes temas reforçam solicitações antigas de medidas para diminuir os impactos da estiagem que incluem:
- Investimento em infraestrutura resiliente: É crucial investir em infraestrutura que seja capaz de suportar condições de seca, como sinalização das hidrovias, a construção de portos com maior profundidade para garantir a navegação fluvial, mesmo em tempos de baixo nível de água. Dragagem das áreas como está previsto no “Novo PAC” com investimento estimado em R$ 41 milhões com obras no Rio Solimões e Rio Amazonas.
- Diversificação dos modos de transporte: Além do transporte fluvial, considerar alternativas como transporte ferroviário e rodoviário pode ajudar a contornar as dificuldades causadas pela seca.
- Monitoramento ambiental: A preservação e a restauração da floresta amazônica são fundamentais para mitigar os impactos da seca. O monitoramento ambiental e a aplicação rigorosa de leis de conservação são essenciais para manter o ecossistema saudável.
- Uso de tecnologia: A tecnologia desempenha um papel importante na logística. Sistemas de rastreamento, análise de dados e otimização de rotas podem ajudar a minimizar atrasos e custos.
A situação na Amazônia e os impactos da seca representam desafios significativos para a logística na região. No entanto, com investimento em infraestrutura, diversificação dos modos de transporte, um compromisso com a preservação ambiental e um planejamento prévio, podemos trabalhar para minimizar as consequências da estiagem e criar um futuro mais sustentável para a região amazônica e para a logística nacional.
“Eu particularmente fico muito contente em fazer parte do time que desenvolve essas alternativas, eu acompanho a operação no dia a dia e vejo de perto a satisfação do cliente”, completa Luanna Amaral.
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